Pecados

Alimentando as Ovelhas ou Divertindo os Bodes

Alimentando as Ovelhas ou Divertindo os Bodes

Existe um mal entre os que professam pertencer aos arraiais de Cristo, um mal tão grosseiro em sua imprudência, que a maioria dos que possuem pouca visão espiritual dificilmente deixará de perceber. Durante as últimas décadas, esse mal tem se desenvolvido em proporções anormais. Tem agido como o fermento, até que toda a massa fique levedada. O diabo raramente criou algo mais perspicaz do que sugerir à igreja que sua missão consiste em prover entretenimento para as pessoas, tendo em vista ganhá-las para Cristo.
A igreja abandonou a pregação ousada; em seguida, ela gradualmente amenizou seu testemunho; depois, passou a aceitar e justificar as frivolidades que estavam em voga no mundo, e no passo seguinte, começou a tolerá-las em suas fronteiras; agora, a igreja as adotou sob o pretexto de ganhar as multidões.
Minha primeira contenção é esta: as Escrituras não afirmam, em nenhuma de suas passagens, que prover entretenimento para as pessoas é uma função da igreja. Se esta é uma obra cristã, por que o Senhor Jesus não falou sobre ela?

“Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15)

isso é bastante claro. Se Ele tivesse acrescentado: “E oferecei entretenimento para aqueles que não gostam do evangelho”, assim teria acontecido. No entanto, tais palavras não se encontram na Bíblia. Sequer ocorreram à mente do Senhor Jesus. E mais:

“Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres” (Ef 4.11).

Onde aparecem nesse versículo os que providenciariam entretenimento? O Espírito Santo silenciou a respeito deles. Os profetas foram perseguidos porque divertiam as pessoas ou porque recusavam-se a fazê-lo? Os concertos de música não têm um rol de mártires. Novamente, prover entretenimento está em direto antagonismo ao ensino e à vida de Cristo e de seus apóstolos.
Qual era a atitude da igreja em relação ao mundo? “Vós sois o sal”, não o “docinho”, algo que o mundo desprezará. Pungente e curta foi a afirmação de nosso Senhor:

“Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos” (Lucas 9.60).

Ele estava falando com terrível seriedade! Se Cristo houvesse introduzido mais elementos brilhantes e agradáveis em seu ministério, teria sido mais popular em seus resultados, porque seus ensinos eram perscrutadores. Não O vejo dizendo: “Pedro, vá atrás do povo e diga-lhe que teremos um culto diferente amanhã, algo atraente e breve, com pouca pregação. Teremos uma noite agradável para as pessoas. Diga-lhes que com certeza realizaremos esse tipo de culto. Vá logo, Pedro, temos de ganhar as pessoas de alguma maneira!” Jesus teve compaixão dos pecadores, lamentou e chorou por eles, mas nunca procurou diverti-los. Em vão, pesquisaremos as cartas do Novo Testamento a fim de encontrar qualquer indício de um evangelho de entretenimento. A mensagem das cartas é: “Retirai-vos, separai-vos e purificai-vos!” Qualquer coisa que tinha a aparência de brincadeira evidentemente foi deixado fora das cartas. Os apóstolos tinham confiança irrestrita no evangelho e não utilizavam outros instrumentos.
Eles não pararam de pregar a Cristo, por isso não tinham tempo para arranjar entretenimento para seus ouvintes. Espalhados por causa da perseguição, foram a muitos lugares pregando o evangelho. Eles “transtornaram o mundo”. Essa é a única diferença! Senhor, limpe a igreja de todo o lixo e baboseira que o diabo impôs sobre ela e traga-nos de volta aos métodos dos apóstolos. Por último, a missão de prover entretenimento falha em conseguir os resultados desejados. Causa danos entre os novos convertidos. Permitam que falem os negligentes e zombadores, que foram alcançados por um evangelho parcial; que falem os cansados e oprimidos que buscaram paz através de um concerto musical. Levante-se e fale o alcoólatra para quem o entretenimento na forma de drama foi um elo no processo de sua conversão! A resposta é óbvia: a missão de prover entretenimento não produz convertidos verdadeiros. A necessidade atual para o ministro do evangelho é uma instrução bíblica fiel, bem como ardente espiritualidade; uma resulta da outra, assim como o fruto procede da raiz. A necessidade de nossa época é a doutrina bíblica, entendida e experimentada de tal modo, que produz devoção verdadeira no íntimo dos convertidos.

Autor: Charles Haddon Spurgeon
www.estudosgospel.com.br/estudos/polemicos/alimentando-as-ovelhas-ou-divertindo-os-bodes.htm

 

Desmascarando o Espírito de Jezabel

 

ERA UMA ÉPOCA DE APOSTASIA.

A nação que Deus chamara para ser sua tinha se voltado contra Ele. Trocaram a adoração a Deus pelos ídolos de um povo que no passado tinham vencido em seu nome. O rei que governava sobre Israel chamava-se Acabe (nome que se tornou sinônimo de perversidade), ele era filho de um homem que chegara ao trono por meio do assassinato. Por detrás do trono corrupto de Acabe, havia uma mulher: Jezabel. Na esperança de ampliar seu poder casando-se com Acabe, ela levou a destruição aos israelitas. Esta destruição se operou por meio de sua fanática devoção aos falsos deuses – Baal, a divindade masculina do poder e da sexualidade, e Astarote, a deusa da fertilidade, do amor e da guerra. Os rituais de Baal e Astarote envolviam práticas sexuais depravadas e licenciosas, bem como suas abominações. A adoração desses ídolos envolvia os elementos mais bestiais da natureza humana. As estátuas de Baal se assemelhavam a um órgão sexual masculino, enquanto os altares de Astarote tinham a forma do órgão sexual feminino. Mais de 450 profetas de Baal e 400 profetisas de Astarote serviam aos desejos depravados e carnais de Jezabel. Muitas vezes, vidas humanas eram sacrificadas para agradar suas divindades pagas.
Contra esta apostasia, Deus levantou o profeta Elias, o qual desafiou Acabe e destruiu os profetas de Baal no monte Carmelo. Em contrapartida, Satanás levantou seu instrumento para silenciar a voz profética de Deus. Seu instrumento foi a esposa de Acabe, Jezabel.

Nós também vivemos numa época de apostasia. Nossa sociedade voltou as costas para Deus. O pecado infesta o Corpo de Cristo e a vida de seus líderes. Mesmo assim, no meio da inacreditável depravação e decadência espiritual de nossos dias, Deus está levantando uma geração profética. Esta geração carregará o espírito de Elias. Esta geração terá unção para operar milagres, sinais e maravilhas, realizando grandes façanhas para o Reino de Deus.
Assim como tem feito desde o princípio, Satanás está levantando uma feroz oposição a esta geração profética. O inimigo sempre tentou silenciar as vozes proféticas de Deus e abortar a oração de intercessão. Novamente, o nome do seu instrumento é Jezabel, um poder espiritual diabólico que busca enganar, profanar e destruir as autoridades de Deus. Embora a expressão “espírito de Jezabel” seja empregada em alguns círculos carismáticos, poucas pessoas entendem de fato como essa força demoníaca opera. O espírito de Jezabel é um poder celestial de influência mundial. Não é simplesmente um demônio que se apossa de um indivíduo. E um poder demoníaco das regiões celestes que transcende as fronteiras geográficas específicas e pode afetar nações inteiras. Em toda região onde penetra, ele se une aos principados que governam aquele território e opera em conjunto com eles.
O espírito de Jezabel opera em conjunto com os principados e potestades que atormentam as pessoas (Ef 6.12). Esses poderes demoníacos incluem espíritos de religiosidade, manipulação, controle, cobiça, perversão e ocultismo. Muitas vezes, eles se associam ao espírito de Jezabel para construir fortalezas na mente das pessoas.
Quando uma fortaleza de Jezabel é estabelecida na mente de um indivíduo, defino isso como “estar sob a influência do espírito de Jezabel”. No momento em que isso ocorre, o processo racional do indivíduo se deteriora. Seus pensamentos e ações são distorcidos.

Para as pessoas familiarizadas com computadores, podemos dizer que o computador mental do indivíduo recebeu um vírus, fazendo com que processe os dados sem lógica. Esse vírus corrompe, redireciona e distorce todas as informações recebidas a partir daquele momento. Como um vírus, a fortaleza de Jezabel é programada para se manifestar quando certas teclas (ou situações) são acionadas. Ela influência também a atividade de outros, como numa rede. De fato, o espírito de Jezabel, como um vírus, é designado para desativar a rede e destruir o hospedeiro. Isso ocorre também com qualquer um que não se desconecte do hospedeiro. Um programa antivírus alertará o computador para o fato de que um vírus está operando contra as leis da programação designada. Depois o programa antivírus dirá ao computador como reconhecer o vírus e descartá-lo. Para operar de forma eficiente, o computador poderá ser  reprogramado com novos dados — dependendo do nível de dano causado pelo vírus.
Esta ilustração faz um paralelo dramático com o que acontece no Reino quando uma força alienígena – o poder de Jezabel – desembarca na igreja. Seu objetivo é desativar e destruir indivíduos, ministérios e a própria igreja. Este será o resultado final, a menos que o remédio de Deus – o antivírus divino – seja aplicado. Se os pastores forem incapazes de prevenir ou detectar a ação desse espírito, seus cônjuges, filhos e membros das igrejas podem cair vítimas dessa força devastadora.

De tempos em tempos, todo cristão fica vulnerável ao perigo de ser influenciado por esse poder controlador e manipulador. De certa forma, todos nós tentamos controlar outras pessoas. Embora não haja nenhum indicador infalível que mostre quando a pessoa ultrapassou o limite, abrir a alma para a ação do espírito de Jezabel é um processo que pode ocorrer com o tempo. Quanto mais tempo alguém apela para o controle e a manipulação sem se arrepender, mais forte o espírito se torna. Finalmente, ele se transforma num estilo de vida. Seu método primário de se relacionar com outras pessoas e adquirir controle serão por meio desse espírito.
Embora a ilustração bíblica para Jezabel seja voltada para o sexo feminino, este poder demoníaco não infecta apenas mulheres. Homens também operam sob a influência desse espírito. Quando isso ocorre, eles ficam enfraquecidos e maculados pela presença maligna. No entanto, para os homens é difícil operar durante muito tempo sob a influência desse espírito porque ele precisa de um espírito de Acabe para sobreviver. Por isso, o espírito de Jezabel geralmente opera por meio de mulheres, que usam a sedução para alcançar seus objetivos.
Ao escrever este livro, meu propósito é promover a cura e a unidade no Corpo de Cristo. Portanto, quero aconselhar cautela a todos aqueles que empregarem o termo “espírito de Jezabel”. (como cristãos, não podemos ferir pessoas desnecessariamente -acusando-as falsamente). De fato, ao fazer isso, podemos assumir as características de Jezabel – um espírito homicida -, perseguindo e lançando calúnias contra outrem.
Temos de nos lembrar que aqueles que são influenciados por esse espírito são pessoas feridas e machucadas. O poder do Espírito Santo está disponível para curar aqueles que são afligidos por esse espírito. Jesus deseja nos libertar daquilo que nos prende. Devemos encarar nossos pecados, bem como os pecados dos outros, com honestidade, compaixão e esperança. Há uma necessidade proeminente de que pessoas e igrejas oprimidas por esse espírito hoje recebam ministração. Agora é o tempo dos pastores e líderes se levantarem com graça e com coragem.

ALIANÇAS PROFANAS
NELSON TOMOU OUTRO GOLE de café e continuou observando a jovem atraente. Ela estava bem vestida, com um conjunto escuro, e tinha um ar otimista. Seu aperto de mão demonstrava ser ela uma pessoa confiante, que olhava diretamente para as pessoas enquanto as envolvia numa conversa agradável. Era uma jovem vivaz e entusiasta, dona de um carisma penetrante. Tinha a habilidade de atrair as pessoas. Era divertida e parecia uma estudante devotada da Bíblia.
O número de membros na igreja de Nelson estava diminuindo, e pessoas que ele estava preparando para ocuparem cargos de liderança tinham saído. Para preencher o lugar deles, tinha de encontrar novos líderes. Seu desespero aumentava a cada mês, com a diminuição dos dízimos e ofertas. Quando conversava com a jovem expressava suas opiniões sobre como aumentar a assistência na igreja. Dona de um aguçado tino empresarial, ela criou um esquema para colocar a igreja numa posição de domínio. Com o tempo, ela foi se tornando cada vez mais influente na igreja e passou a liderar um grupo de estudo bíblico de mulheres.

Ao mesmo tempo, Nelson sentia-se intrigado com as convicções daquela jovem. Ela parecia ter uma profunda experiência com o Espírito. No entanto, parecia que um “espírito das trevas” lhe dizia para fazer coisas estranhas, algumas das quais já tinham resultado em práticas imorais. A despeito disso, Nelson e sua esposa gostavam da companhia da jovem. Reconhecendo seu potencial, os dois se encontravam com ela com freqüência e até tentavam ser seus mentores.
Enquanto eles depositavam grande esperança naquela mulher, as jovens da igreja começaram a se aproximar dela cada vez mais. Enquanto a influência dela crescia, a influência de Nelson parecia diminuir. Como um pneu com vazamento, lentamente a igreja estava esvaziando. Então, a esposa de Nelson começou a sofrer de várias enfermidades, e sua mente se encheu de fantasias sexuais. Para complicar mais as coisas, o ambiente amigável entre os líderes se tornou um ambiente de divisão, e os grupos pequenos, que antes eram vibrantes, começaram a morrer.
Um dia, Nelson me telefonou e pediu ajuda. Quando comecei a orar e buscar a Deus, tive um sonho que me permitiu enxergar através da cortina de fumaça do inimigo. Compartilhei com Nelson o que Deus tinha me mostrado, e ele confirmou. Mesmo assim, ele e a esposa pareciam divididos. Esmagados pela indecisão e pela confusão, continuaram dando à jovem mais responsabilidade, liderança e autoridade dentro da igreja. Eles admitiram que ocasionalmente ela recebia conselhos de um “espírito guia”. Mesmo assim, eles a amavam e queriam ajudá-la. O que deviam fazer?

UMA ALIANÇA PROFANA

O que acabei de descrever chama-se aliança profana – um relacionamento que permita que você alcance seus objetivos, apesar de estar consciente de que a pessoa deliberadamente continua a pecar. Além do mais, na Bíblia fica muito claro que Deus não aprova que tais pessoas ocupem posições de liderança na igreja. Embora Nelson e sua esposa justificassem a decisão de não afastar aquela jovem da liderança “pelo bem da igreja e do Reino”, o Reino ficava comprometido com aquele arranjo profano, e, no final, a igreja deles iria sofrer.

LEALDADES DIVIDIDAS

Uma situação similar ocorreu com Onri, o sexto rei de Israel. Queria assegurar e ampliar seu reino, ele forjou uma aliança profana por meio do casamento de seu filho Acabe com uma jovem estrangeira, chamada Jezabel. Essa aliança criou um vínculo político entre Israel e Tiro. O casamento destinava-se a selar um tratado de paz entre as duas potências; no entanto, tal aliança provou ser uma concessão que custou muito caro. Cerimonialmente, foi exigido que Israel seguisse os protocolos religiosos e políticos da nova esposa de Acabe. Isso significou o naufrágio de toda a nação de Israel na idolatria. Portanto, por meio do seu plano de ampliar seu reino, Onri, na verdade, colocou Israel num caminho perigoso. Sua necessidade de construir uma nação gloriosa cegou-o para as conseqüências da quebra da lei.

Ao concordar em aceitar uma rainha estrangeira, Acabe conscientemente violou os mandamentos de Deus. Ao que pare¬ce, ele justificou a ação em sua própria mente, mas o Senhor o condenou como tendo se vendido para fazer o que era mau (1 Rs 21.25). Além da participação zelosa nos cultos depravados de Baal, uma aliança política oficialmente endossaria as crenças religiosas, idolatras e imorais, de Jezabel, forçando-as sobre todos os israelitas. A História mostra que foi exatamente o que aconteceu.
Jezabel levou suas práticas religiosas abomináveis para Israel. Ela ordenou que ídolos de pedra fossem colocados nos lugares altos e também erigiu um altar no Templo santo de Deus. Se não tivesse feito mais nada, somente esse ato já teria provocado a indignação e a ira de todos os profetas de Israel. Assim, Jezabel trocou o santo pelo profano. A Bíblia também indica que ela era prostituta e adúltera, bem como praticante de bruxaria (2 Rs 9.22).
Jezabel tinha características de personalidade que envolviam manipulação, controle, perversão sexual e idolatria. Algumas conclusões surpreendentes podem ser tiradas sobre uma mulher que provoca tal ira no coração do Senhor. Creio que um espírito maligno motivava suas ações e lhe concedia uma ampla influência. Também creio que a influência desse espírito permanece até os nossos dias e que jamais foi totalmente erradicado da Igreja. Pelo contrário, tem recebido um reinado profano. Quando nos aproximamos do final dos tempos, esse espírito demoníaco parece se entrincheirar mais e mais nas igrejas.

O nome Jezabel é de origem fenícia e significa “descasada”. Embora ela fosse casada, sua insubmissão e infidelidade conjugal mostravam que para ela o casamento não significava nada. Embora o matrimônio seja um símbolo de respeito mútuo e submissão, Jezabel não se submetia a ninguém. Pelo contrário, exigia que todos se submetessem a ela. Seu casamento era meramente uma aliança política que lhe permitiu ser não somente uma rainha, mas, em essência, um rei atuante! Jezabel tinha as respostas para todos os problemas do rei.

DIVA MORTAL

Jezabel aprendeu a arte do engano com seu pai, Etbaal, cujo nome significa “semelhante a Baal”. Ele chegou ao trono por meio do complô e do assassinato. Assim, a tendência de Jezabel para o assassinato tinha raízes genealógicas. Tirar a vida de alguém para alcançar seus objetivos era algo comum para ela.
Jezabel aparece pela primeira vez durante o reinado de Acabe, rei de Israel, em 869-850 a.C. (1 Rs 16.31). Acabe não foi o único a sucumbir diante das perversões de Jezabel. Seus filhos também foram profundamente influenciados por ela. Acazias, seu filho, cometeu os mesmos pecados que ele (1 Rs 22.51-53). Outro filho, Jorão, foi morto por Jeú, rei de Israel, como punição por todas as coisas que seus pais tinham feito aos profetas de Deus (2 Rs 9.24-26).
A filha de Acabe e Jezabel, Atalia, tornou-se rainha de Judá. Assim como sua mãe, ela procurou um marido fraco, a fim de poder continuar com suas práticas malignas (2 Rs 8.25-27). Como resultado, Acazias, seu filho — que tinha o mesmo nome que seu irmão e que pode ter sido fruto de incesto -, fez o que era mau aos olhos do Senhor. Mãe e filho, bem como os outros 70 filhos de Acabe e suas famílias, foram mortos pelas mãos de Jeú.
Jezabel não era uma mulher comum. Tinha uma queda para a dramaticidade. Cada ação sua e cada palavra que dizia demonstravam uma atitude passional e descontrolada. Sua aparência intimidava, uma rosa com espinhos afiados como punhais. Era uma figura impossível de ser ignorada, porque ignorá-la podia significar a morte.
A forma como Jezabel saudou Jeú do alto da janela foi mais do que um “olá” casual. Ela se maquiou e vestiu a roupa mais sensual que encontrou. Ela planejou uma manobra de sedução para conquistar Jeú, o décimo rei de Israel (2 Rs 9.6), convidando-o a fazer aliança com ela – talvez como seu próximo marido. Se nada disso funcionasse, queria pelo menos intimida-lo. Jezabel era uma força dominante em Israel. Se Jeú não tivesse ordenado que fosse atirada pela janela, ela teria usurpado o reino para si. Entretanto, Jeú cumpriu bravamente a tarefa que recebera do Senhor — erradicar a casa de Acabe (2 Rs 9.7).
Nesses dias, Deus está chamando os pastores do mundo lodo. Como eles responderão: Como Jeú ou como Acabe?

PAZ A QUALQUER PREÇO

O espírito de Acabe simboliza a abdicação da autoridade ou, pelo menos, a autoridade passiva. Ele se apresenta como uma mentalidade que evita os confrontos e não assume os erros. O espírito de Acabe adora a posição que ocupa e teme o confronto. Alguém com este espírito prefere promover a paz a qualquer custo, mesmo que seja forçado a formar alianças profanas.
Um indivíduo sob a influência do espírito de Acabe fará, muitas vezes, concessões em vez de alianças, dessa forma se prostituindo, em vez de santificar o relacionamento. Como você pode fazer concessões a alguém que deseja destruí-lo? O espírito de Acabe sempre está disposto a sacrificar o futuro a fim de obter a vitória no presente.
Trabalhando em equipe, os espíritos de Acabe e Jezabel silenciosamente formam um relacionamento de interdependência. Existe uma necessidade mútua, e um cuida do outro a fim de alcançarem seus objetivos, como numa simbiose. Um pastor influenciado pelo espírito de Acabe precisará da ajuda de alguém com o espírito de Jezabel, a fim de manter sua posição e fortalecer sua base.
Um pastor amigo meu, Russell, queria muito que eu conhecesse certa mulher de sua igreja. Embora isso não seja incomum (nem errado em si), ele parecia envolvê-la demasiada¬mente em cada decisão que tomava. Eu o acautelei sobre relacionamentos de interdependência, mas era tarde demais. Seis meses mais tarde, Russell caiu em pecado sexual com aquela mulher.
LÍDERES APLACADORES

Como muitos líderes de hoje, o reinado de Acabe foi caracteri¬zado pela tentativa de aplacar Jezabel cedendo às suas exigências. Ele tolerava todos os decretos e práticas abomináveis de sua esposa.
Muitos pastores se submetem a indivíduos influenciados pelo espírito de Jezabel porque a pessoa parece ter habilidades de liderança ou visão espiritual que ajudará a igreja crescer. Muitos até se convencem de que, com o tempo, ajudarão o indivíduo à “amadurecer” espiritualmente. No entanto, nesse processo de ajuda, muitos líderes fazem demasiadas concessões e enfraquecem sua autoridade. Lembre-se de que a atitude aplacadora de Acabe era exatamente o que fortalecia a base do poder de Jezabel.
Em várias ocasiões, já vi pastores adotarem uma atitude de indecisão e evitar o confronto simplesmente por medo de que o indivíduo em questão divida a igreja. Um pastor em particular tinha plena consciência de que a líder de seu grupo de intcrcessão operava sob o espírito de Jezabel. Ele tinha medo de enfrentar a situação porque era uma mulher que intimidava e tinha muita influência. Se ele perdesse mais membros, não teria como cumprir os compromissos financeiros da igreja. Infelizmente, muitos líderes se encontram nessa situação hoje em dia. É preciso muita oração e encorajamento para aqueles pastores que foram apanhados nessa armadilha mortal.

EVITANDO O CONFRONTO

O pastor precisa ter muita coragem para confrontar a força e a obstinação do espírito de Jezabel. Por meio de suas ações, um indivíduo dominado por esse espírito revelará as qualidades e as fraquezas do pastor. O pastor descobrirá coisas sobre si próprio que preferiria ignorar. Pode reagir de forma defensiva quando sua autoridade é desafiada. Para evitar uma revolta, o pastor pode preferir apaziguar ou favorecer o espírito. Temendo situações semelhantes, o pastor pode suspender todo o ministério profético na igreja. Ou então, numa atitude egoísta, pode usar a pessoa dominada pelo espírito de Jezabel para cumprir seus propósitos pessoais. Qualquer uma dessas respostas causará danos à vida espiritual da igreja. Adotando uma atitude omissa ou passiva, o pastor deixará sua igreja vulnerável ao domínio desse espírito diabólico. A igreja rapidamente afundará sob o peso crescente da opressão espiritual, esmagando toda a vitalidade espiritual saudável e a visão.O espírito de Jezabel profana tudo o que toca. Tudo o que é santo torna-se impuro. As pessoas começam a abandonar a igreja, sem nem saberem por quê. Sentem-se simplesmente compelidas a ir embora, como se pudessem sentir o domínio crescente das trevas.
Os pastores que [diante dessa situação] reagem de forma impulsiva e precipitada e eliminam os grupos de intercessão e o ministério profético, silenciarão suas fontes mais confiáveis de discernimento e revelação. Quando isso acontece, é criado um vácuo espiritual na igreja. Rapidamente a escuridão e a confusão tomam conta. Como num jogo de xadrez, o adversário rapidamente ocupa todo espaço que é deixado desocupado. Quando o verdadeiro ministério profético é silenciado, isso permite que o inimigo posicione seus próprios profetas em posições-chave.
Os pastores que se omitem e deixam de exercer sua autoridade causam dano ao povo de Deus, pois sem perceber liberam o poder crescente desses espíritos demoníacos. Enquanto a questão vai sendo evitada, o problema só vai piorando. Quando finalmente é confrontado, o espírito de Jezabel já pode ter criado raízes profundas na igreja e será mais difícil desalojá-lo.

CONSPIRANDO COM AS TREVAS

Se o pastor fingir ignorar os danos causados pelo espírito de Jezabel, pode se tornar um espírito associado a ele. Consciente¬mente ou não, o pastor acaba se alinhando com o espírito maligno. Seus métodos e objetivos vão se tornando mais e mais parados. Logo o pastor descobrirá que pode alcançar seus objetivos explorando sua contrapartida espiritual, tornando-se assim um cúmplice das trevas.
A menos que esse pastor reconheça seu erro e se arrependa, um dentre dois juízos virá sobre ele: Ele acolherá plenamente o espírito de Jezabel e se tornará um líder marionete, indeciso (mesmo nas questões mais corriqueiras), facilmente enganado e sujeito a forte depressão. Ou, então, ele e sua igreja enfrentarão um terrível deserto espiritual. A presença clara de Deus será removida do seu grupo. Ficará apenas a lembrança da presença divina; lamentavelmente, muitas vezes os líderes não encaram essa situação como juízo de Deus.

TOLERANDO O INIMIGO

Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos. — Apocalipse 2.10

Quando um pastor tem uma amiga de confiança que co¬meça a mostrar vestígios do espírito de Jezabel, é fácil ele justificar a atitude rebelde da pessoa ou simplesmente fingir que não está vendo. Geralmente os pastores demonstram certa tolerância para com aqueles que chamam de “amigos”. No entanto, essa confiança e lealdade a um amigo podem criar um tipo de cegueira. O pastor, portanto, deve deixar a amizade de lado,encarar a situação do ponto de vista pastoral e tomar as medidas necessárias.
No final, quando o pastor enfrenta a situação e a corrige, as pessoas sentem-se seguras sob sua liderança e desenvolve maior confiança na autoridade piedosa. No entanto, se o pastor deixar de tratar da atitude de rebelião, no final perderá o respeito das pessoas. Os membros da igreja olharão para ele com desdém, por causa das conseqüências que certamente advirão. Surgirá a confusão, e o propósito de Deus ficará obscurecido devido à liderança vacilante.
Pastores que fazem concessões atraem pessoas que gostam de concessões. A unção pastoral será reduzida a uma gota, comparada com o que poderia ser. A luz na igreja se tornará penumbra, enquanto o Corpo perde seu poder espiritual.

FRUTO DA TOLERÂNCIA

Ninguém houve, pois, como Acabe, que se vendeu para fazer o que era mau perante o Senhor, porque Jezabel, sua mulher, o instigava. — Reis 21.25
Assim como Acabe permitia que Jezabel sacrificasse crianças como forma de adoração, o espírito que está por detrás dos abortos nos Estados Unidos é mantido vivo pelo espírito de Jezabel. Por meio da promoção pessoal, controle e esquemas de manipulação, este espírito também procura abortar aqueles que são jovens ou imaturos no Senhor. Além disso, ele atrai também falsos mestres, atraídos pelo poder intelectual da alma.
Chegou o momento de uma nova ordem. Um clamor está se levantando da terra e adquirindo força. Deus está capacitando sua Igreja com ousadia e zelo, trazidos pelas verdadeiras vozes dos apóstolos e profetas. Neste momento, Deus deseja que o ministério profético, que é o testemunho de Jesus, seja vibrante em todas as igrejas. O ministério profético revelará tudo aquilo que está oculto.

BATALHAS VITORIOSAS

Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Ungi-te rei sobre o povo do Senhor, sobre Israel. Ferirás a casa de Acabe, teu senhor, para que eu vingue da mão de Jezabel o sangue de meus servos, os profetas, e o sangue de todos os servos do Senhor. -2 Reis 9.6,7
Neste ponto da História, uma grande batalha aguarda os representantes de Deus — os pastores de sua Igreja. Os líderes estão sendo convocados pelo Senhor para receberem um espírito de valor e se levantarem como verdadeiros reis. Assim como Jeú recebeu a tarefa de expurgar o Reino de Deus da influência profanadora e desmoralizante de Acabe e Jezabel, somos chamados hoje para remover esses mesmos espíritos apóstatas da Igreja.

Extraído do livro
Desmascarando o Espírito de Jezabel
JOHN PAUL JACKSON
Danprewan Editora