O homem é mentiroso por origem, por ascendência, por descendência, por essência, por costume, por natureza, já nasce mentindo,
“Desviam-se os ímpios desde a sua concepção; nascem e já se desencaminham proferindo mentiras”. (Salmos 58:3).
Desde quando o diabo enganou a Eva lá no Éden por meio da serpente, (Gênesis 3:4), a descendência de Adão mente, trapaceia,
engana, tanto de maneira vulgar, corriqueira e habitual, como de modo aprimorado, calculista e fraudulento para levar algum proveito ou prejudicar o próximo. A inclinação para a mentira faz parte do conjunto das características mentais, psicológicas e afetivas dos seres humanos desde o nascimento. O pecado da mentira é inerente à espécie humana, independente da influência da sociedade ou cultura específica em que o indivíduo nasce e se desenvolve. Dizem os cientistas que os cérebros dos mentirosos têm vinte por cento a mais de massa branca, e catorze por cento a menos de massa cinzenta. Sem levar em conta a quantidade e a cor da massa cerebral do indivíduo, todas as pessoas mentem de uma forma ou de outra. A maioria sofre de mitomania, a mania de mentir. Muitos são mentirosos refinados, afeiçoados à mentira por conveniência, para levar vantagem, ou até mesmo por motivos fúteis. Não importa o perfil psicofisiológico que determina os traços temperamentais do indivíduo; tanto os sanguíneos, os coléricos, os melancólicos, os fleumáticos, ou introvertidos e extrovertidos são afeiçoados à mentira: “Seja Deus verdadeiro, e mentiroso todo o homem”. (Romanos 3:4). Nenhum ser humano pode contestar o que Deus diz nas Escrituras. estima-se que uma pessoa diz pelo menos cento e vinte mentiras por dia. As mentiras são proferidas em casa, na rua, no trabalho, na igreja, na escola, no escritório, em todos os lugares, a qualquer hora. Os pesquisadores afirmam que os maiores mentirosos estão entre políticos, advogados, jornalistas, cientistas, psicólogos, médicos, comerciantes, vendedores, publicitários e pregadores de religião. Todas as mentiras são perigosas; mas, a mentira religiosa é a de maior gravidade, pelo fato dela enganar milhares de pessoas inocentes e conduzi-las ao fogo do inferno. O homem em seu estado natural, sem a vida de Cristo é um mentiroso em potencial; mente com a própria aparência; mente parecendo ser o que não é, e mente sendo o ser que é; mente com palavras e ações; mente para se defender e para acusar; mente para acariciar e para ferir; mente para seduzir e para reprimir; mente por medo e mente corajosamente; mente para se desculpar e para justificar; mente ao sair e ao chegar; mente nas transações comerciais e nos relacionamentos sociais; mente por brincadeira e com seriedade; mente para ganhar e para lesar; mente para não falar ao telefone e mente falando ao telefone; mente para ficar em paz com familiares e mente para promover guerra entre familiares; mente negando a verdade e mente afirmando a mentira; mente particular
e publicamente; mente religiosa e socialmente; mente à esposa; mente ao marido; mente aos filhos; mente aos pais; mente aos amigos e inimigos, mente a si mesmo; mente por vicio; mente por inclinação; mente simplesmente por mentir; mente por nada. Daí, a solene advertência das Escrituras: Por isso deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros. (Efésios 4:25). A mentira está no caráter, na cabeça, no sangue, no coração, na língua, nas palavras e nas ações das pessoas; tanto nas crianças, como nos jovens e adultos. Isso não significa que todas as pessoas mentem deliberadamente; mas, de modo geral todos mentem independente da vontade, até de maneira inconsciente, como se a mentira fizesse parte da musculosidade da língua. Nos lugares em que a maioria pensa que a verdade deveria prevalecer, é aí que as mentiras mais descaradas e absurdas correm soltas. As pessoas em quem deveríamos confiar são falsas, perigosas e mentirosas. Por isso a Escritura diz: Maldito o
homem que confia no homem. (Jeremias17:5). A mentira é um vicio da mente; ela provém do campo das emoções cerebrais. A ciência descobriu que por meio da ressonância magnética é possível identificar as áreas emocionais do cérebro que denunciam a mentira. Apesar do avanço da ciência nesta área, este método não é totalmente confiável. Existe também um aparelho chamado polígrafo, utilizado nos meios policiais, que mede a pressão sanguínea e as batidas do coração quando o indivíduo dissimula a verdade. Mas, nem mesmo os detectores de mentiras conseguem impedir as pessoas de mentir; porque em alguns casos o equipamento
não registra as alterações de certos fenômenos fisiológicos nas pessoas verdadeiramente frias, que conseguem com facilidade omitir a verdade. O certo é que a ciência ainda sabe pouca coisa sobre a mente dos mentirosos em potencial. O mentiroso é filho espiritual do diabo, que é pai da mentira,” Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai”(João 8:44). O filho procura imitar o pai em muitas coisas; ele tem o pai como modelo; e como o pai da mentira é especialista em mentir, daí a preferência do mentiroso é praticar o que mais admira no pai da mentira:”Amas o mal antes que o bem; preferes mentir a falar retamente”. (Salmos 52:3). A mentira contraria tanto à lei da verdade, como a lei do amor. Ela é injusta, impiedosa e destruidora. Muitas desgraças têm acontecido no mundo por causa de mentiras. Todos concordam que as pessoas têm a língua solta demais, e que precisam de freios para controlar a fala. No entanto, a sociedade moderna aceita e pratica a mentira com tanta naturalidade, a ponto de ter escolhido um dia do ano para ser dedicado a ela. Desde quando Carlos IX, rei da França ordenou que o ano começasse no dia primeiro de janeiro, e não no dia primeiro de abril como era antes, o primeiro de abril ficou conhecido como o dia da mentira. Neste dia, de acordo com a lei dos mentirosos, o indivíduo tem toda liberdade para brincar com a mentira. Daí, o mentiroso aproveita a oportunidade para passar mensagens enganadoras, sem se preocupar com suas consequências, e com a avaliação que poderão fazer do seu caráter e da sua conduta moral. Daí, a oportuna recomendação das Escrituras no sentido de tomarmos cuidado com aqueles que procuram nos enganar: “Isto que vos acabo de escrever é acerca dos que vos procuram enganar”. (I João 2:26). O mundo celestial e seus valores são ignorados quando o prazer de mentir se torna o objeto dos desejos. Duas espécies de paz devem ser mais temidas: paz com a mentira e paz na mentira. A mentira torna o coração insensível, entorpece a mente, causa conflitos e desavenças sociais, mata a fé e seca as forças da vida. Mentir é pecado,” e o salário do pecado é a morte”( Romanos 6:23). A sociedade moderna está tão familiarizada com a mentira, que até mesmo nos ambientes familiares, e nos recintos religiosos os enganos, as fraudes, os disfarces e as tapeações ocupam os primeiros lugares, e ninguém se importa. Em toda a Escritura temos advertências enérgicas contra as atitudes ímpias daqueles que não se preocupam com a qualidade e a sinceridade da fala:” Pois não têm eles sinceridade nos seus lábios; o seu íntimo é cheio de crimes; a sua garganta é sepulcro aberto; com a língua lisonjeiam”. (Salmos 5:9) . A ilustração do sepulcro aberto mostra os efeitos maléficos do mau uso da língua. A sepultura aberta exala o mau cheiro devido à decomposição do cadáver, como também representa um grande risco, para quem não sabendo do perigo vir a cair na cova. O mentiroso é inconstante, covarde, desleal, traiçoeiro e perigoso. Não se pode confiar até mesmo em suas lisonjas. Isso não significa que todos os elogios são falsos. Existe elogio sincero, verdadeiro; mas, devemos tomar cuidado com a bajulação simulada, difícil de ser percebida. Os bajuladores apresentam palavras suaves, delicadas e meigas, somente para agradar; mas, por trás da fala adocicada pode estar uma língua afiada com intenções de ferir, destruir e matar. Muitas pessoas são agraciadas por Deus com o importante dom de línguas. Não estou falando de línguas que muitas pessoas falam nas igrejas. Estou referindo os poliglotas privilegiados que conhecem e falam diversos idiomas de muitas nações. No entanto, o mais importante não é saber falar e escrever em muitas outras línguas; mas, é falar a verdade; “porque Deus promete destruir os que proferem mentiras”( Salmos 5:6).

Extraído da Revista Betel
Sinval T. da Silva